Triângulo Mineiro dois séculos anexado a Minas Gerais
Tudo começou em Desemboque. Criado oficialmente em 02/03/1766, Desemboque compreendia todo o sertão da Farinha Podre, hoje Triângulo Mineiro. Antes de receber essa denominação, no período de 1660 a 1670, a região do Triângulo recebeu vários nomes: Sertão do Novo Sul, Sertão Grande, Sertão Sul e Geral Grande. E também Sertão da Farinha Podre, topônimo comum em Portugal.
Desemboque surgiu das ruínas do Tabuleiro, povoado fundado nas eras de 1700, nas encostas da Serra da Canastra. Atacado pelos índios caiapós, Tabuleiro foi dizimado. Os poucos sobreviventes fundaram o arraial de Nossa Senhora do Desterro das Cabeceiras do Rio das Abelhas (primeiro nome recebido antes de passar a chamar-se Desemboque). Este logo se tornaria Vila, sede de julgado, centro político de toda a área compreendida entre os rios Grande e Araguari, que futuramente viria a ser denominado Triângulo Mineiro. Um dos fatores que contribuiu muito para o desenvolvimento do Desemboque no século XVIII foram as descobertas de jazidas de ouro, provocando uma corrente migratória para o local, que chegou a ter 195 casas e aproximadamente 1.300 habitantes. Com o fim do ciclo do ouro, muitos colonos migraram em busca de terras agricultáveis. Logo foram erguendo capelas, delimitando terras, dedicando-se a lavoura de subsistência e à criação de animais.
Em tempos atuais, além das duas igrejas, com arquitetura do século XVIII, ha no Desemboque poucas casas e habitantes. Hoje, na entrada do então povoado, Iê-se: "Homens de extrema bravura, desterrados do seu próprio mundo, fundaram, no Sertão da Farinha Podre, em 1743, a capela de Nossa Senhora do Desterro, dando início ao povoado de Desemboque, marco inicial da colonização do Brasil Central".
Segundo Saint Hilaire, botânico, naturalista e viajante francês, que viveu no Brasil de 1816 a 1822, a povoação de Farinha Podre foi fundada em 1812, por mineiros que se sentiram entusiasmados com as belíssimas pastagens da região; entretanto, o pequeno arraial missionário a beira de um córrego foi fundado por alguns portugueses que trouxeram para a nossa região uma pequena imagem São Pedro, padroeiro de sua distante aldeia natal. Essa aldeia se, denominava “São Pedro da Farinha Podre".
O sertão da Farinha Podre pertenceu sucessivamente á Capitania de São Paulo e Minas do Ouro, e à de Goiás, para somente em 04 de abril de 1816 vir a ser anexado definitivamente ao território mineiro. Durante os mais de 60 anos em que a região pertenceu aquela Capitania de Goias os aldeamentos foram praticamente a única experiência colonizadora ali empreendida.
Por que o atual Triângulo Mineiro foi para Goiás? Em 1720, Minas Gerais se emancipou, mas o sertão da Farinha Podre (Triângulo Mineiro), Goiás e Parana continuaram pertencendo 5 província de São Paulo.
Quando da publicação da terceira demarcação de terras (ano de 1747), já se dava notícias de novas descobertas de ouro em terras da Capitania de São Paulo. Já em 1748, Goiás também se emancipou e levou consigo o hoje denominado Triângulo Mineiro.
Por que o Triângulo Mineiro foi incorporado a Minas Gerais? Em 04 de abril de 1816, Dom João VI, a pedido de um grupo de fazendeiros, Iíderes políticos e comerciantes de Araxá, separou o Triângulo de Goias e o anexou a Minas Gerais. Eles alegavam, com razão, que Ouro Preto, capital na época, era bem mais próxima do Triângulo do que de Goiás.
Por que a denominação Triângulo Mineiro? Segundo alguns memorialistas e historiadores o nome Triângulo Mineiro foi utilizado pela primeira vez pelo médico francês Raimundo Des Genettes, em 01 de outubro de 1874, quando fundou o primeiro jornal do Triângulo Mineiro, intitulado o Paranahyba. Editado uma vez por semana e dedicado aos interesses comerciais, agrícolas, industriais e fabris de Minas Gerais, Goias e Mato Grosso. O nome do jornal foi escolhido em homenagem ao rio Paranaíba, Que divide o Triângulo Mineiro do Estado de Goias, num gesto de simpatia ao povo vizinho. A oficina do referido jornal situava-se na Rua Manoel Borges, em Uberaba. A tiragem de cada número constava de duzentos exemplares e os trabalhos gráficos nada deixavam a desejar em relação aos melhores das grandes cidades do país.
Evolução do Triângulo Mineiro
Ao se aproximar a última década do século XIX, houve a inauguração da extensão da Estrada de Ferro Mogiana no Triângulo Mineiro. Este fato marcou uma nova fase, quando teve início o período de Expansão Comercial, caracterizada pela consolidação do Triângulo como entreposto comercial. A agropecuária passou a ter uma fonte de escoamento muito mais eficiente e acessível. Bens manufaturados e Sal passaram a ser adquiridos de forma facilitada, com a importação desses produtos de São Paulo, através da Mogiana.
Com posição geográfica estratégica, o Triângulo Mineiro é uma região privilegiada em recursos naturais: solo, clima, topografia, riquezas minerais, recursos hidrográficos, vegetação. No Triângulo Mineiro também se localizam dois importantes sítios paleontológicos, tendo sido descobertos em um deles fósseis do maior dinossauro encontrado no Brasil, que viveu ha mais de oitenta milhões de anos.
A agricultura diversificada do Triângulo Mineiro é responsável por imenso percentual da produção de grãos do Estado. As pecuárias de corte e leiteira são bastante ativas, com produção que abastece os mercados nacional e internacional, sendo esteios da economia de Minas Gerais. O potencial hidrelétrico da região é significativo para o mundo, com grandes cachoeiras ao longo dos rios Grande e Paranaíba.
Localizam-se, também, no Triângulo Mineiro, grandes jazidas de nióbio, metal existente em diversos parses, estando no Brasil 98% das reservas conhecidas no mundo e, destas, 75% em nossa região, responsáveis por muitos empregos.
O Triângulo Mineiro possui moderna rede de comunicação, universidades, escolas de todos os níveis, ferrovias e grande número de rodovias estaduais e federais. Também é rico em madeiras, contando com polo moveleiro.